Bruna Lapa e Filipe Monteiro
Nova Iorque é o palco principal. Invasões alienígenas, conspirações de estado, desastres naturais. Se o mundo chega ao fim, o fim começa na Big Apple, tendo, além da grande população americana, a Estátua da Liberdade como principal alvo.
Muita calma! O mundo não acabou, pelo menos ainda não. Não há motivo para se desesperar. As questões ambientais que Hollywood faz questão de exagerar nas suas produções, já são discutidas no meio científico há algum tempo.
Clique aqui e saiba mais um pouco sobre o que fazer antes que o mundo acabe.
Os primeiros estudos sobre o que um dia passariam a ser pesquisas sobre o Aquecimento Global tiveram origem no final do século XIX, a partir do momento em que a tecnologia permitiu que o homem estudasse o clima mundial e pesquisasse os conceitos de sensibilidade climática.
O tema só passou a ser de grande relevância no meio acadêmico, no entanto, há aproximadamente quatro décadas, quando os satélites da Nasa passaram a medir a temperatura da Troposfera inferior através da monitoração da atmosfera terrestre.
Confira uma animação da Nasa que explica o Aquecimento Global: Nasa explica o aquecimento global.
A partir do momento em que o aquecimento global passa a ser um dos temas mais discutidos na mídia e no meio científico-acadêmico, surge uma preocupação: o que fazer para retardar este processo?
O aquecimento global é resultado da intensificação do efeito estufa, processo natural no qual a concentração de gás carbônico na atmosfera bloqueia a saída dos raios solares que nela entraram, resultando um superaquecimento terrestre. O ponto-chave sobre tal aumento baseia-se na concepção de que as ações humanas, tais como poluição, queimadas, desmatamento e elevado uso de automóveis, são fatores determinantes para que este problema climático se agrave, à medida que tais ações colaboram para o aumento na liberação do dióxido de carbono na atmosfera.
Atualmente, as pesquisas sobre as mudanças climáticas não se restringem apenas ao meio acadêmico-científico. O debate acerca da hipótese do aquecimento da Terra permeia os âmbitos políticos, econômicos e sociais. Devido à relevância do tema, grandes potências passaram a realizar conferências mundiais a fim de buscar soluções para o problema, tais como, determinar uma redução na emissão de gases-estufa e aplicar uma corrente que ganha mais adesão popular a cada dia: a sustentabilidade.
Uma nova perspectiva
Em oposição à visão amplamente divulgada sobre a intervenção humana nas mudanças climáticas, bem como no aquecimento global, surge uma nova hipótese científica. Um grupo de cientistas contesta e põe em dúvida a ótica sob a qual o aquecimento global é comumente abordado. Representando o “Lado B” da história, estas pesquisas afirmam que o aquecimento global é apenas um processo natural e que as ações antrópicas em nada participam na intensificação do mesmo.
Entre os pesquisadores que possuem uma visão alternativa ao que é comumente falado, destaca-se Ricardo Augusto Felício, professor de Climatologia na Universidade de São Paulo (USP). Sua linha de pesquisa trata da variabilidade climática e seus desdobramentos. A pesquisa de Ricardo visa a desmistificar as mudanças climáticas antropogênicas e sua ideologia embutida.
No artigo intitulado O culto à frugalidade e a produção artificial da escassez, publicado na revista ANAP Brasil, o professor critica o excesso de preocupação com questões climáticas em detrimento de outras problemáticas mais graves e urgentes. O artigo traz à tona o que está por de trás do discurso sustentável. Segundo Ricardo, interesses políticos e econômicos servem como base para a construção do discurso ecologicamente correto. A afirmativa de Ricardo é abordada em seu artigo na seguinte citação:
O objetivo da ideologia ambientalista consiste, pois, em descobrir uma maneira de superar uma crise de produtividade, contudo mantendo-se no quadro das relações sociais básicas que definem o capitalismo. É por esse motivo que não coloca os verdadeiros problemas de fundo e absolutiza a crise da produtividade, pretendendo encontrar sua origem nas relações desarmônicas entre o sistema econômico e a natureza. A ideologia ambientalista, desse modo, veio conceder nova vida ao mito do esgotamento da natureza.
Em entrevista cedida ao Programa do Jô, no dia 02 de março de 2012, o professor e pesquisador Ricardo Augusto Felício ratifica esta linha de pensamento: “É somente uma hipótese e não uma teoria, já que não há prova científica sobre o aquecimento global”. Dentre as suas afirmações, o professor defende que o efeito estufa é a maior falácia científica existente, que o nível do mar se mantém o mesmo e que a camada de ozônio é inexistente. Confira abaixo a entrevista na íntegra:
Confira outra entrevista com Ricardo Augusto cedida à TVFakeClimate:
Mudanças sentidas de perto
Para Silvana Oliveira, trabalhadora autônoma natural de Viçosa, não há como o aquecimento global ser mentira. “Antes fazia muito mais frio, agora o verão parece até maior. Acho que a temperatura mudou”. A percepção de Silvana a respeito do clima pode ser explicada não só pelo viés do aquecimento global, mas também pelo estudo sobre outros fenômenos climáticos.
O aumento da temperatura pode ser medido em escala local. À medida que a população urbana cresce ao longo das décadas e ocupa cada vez mais espaço nas cidades, erguendo edifícios e superlotando o trânsito com automóveis, as interferências climáticas em um espaço reduzido se agravam. O que, na prática, não significa o mesmo que um aquecimento global, já que apenas atinge uma pequena parcela da população do planeta, ficando restrita a determinadas áreas urbanas.
Esse fenômeno é conhecido como ilhas de calor e se refere ao aumento da temperatura devido à retenção de calor nas cidades, o que é provocado, como já foi citado, por simples ações como asfaltamento de ruas, entre outras.
A professora de Climatologia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Magda Luzimar de Abreu, busca esclarecer essa questão, situando sua pesquisa na capital mineira, Belo Horizonte. No artigo O Clima Urbano de Belo Horizonte: análise têmporo-espacial do campo térmico e hígrico, publicado na Revista de Ciências Humanas da Universidade Federal de Viçosa em 2010, Magda analisa as mudanças de temperatura em Belo Horizonte, também provocadas pelas ilhas de calor, conceito que, segundo Ricardo Felício, explica as mudanças climáticas em algumas cidades.
Um trecho do artigo de Magda mostra modificações ocorridas na capital mineira:
“O município de Belo Horizonte apresenta peculiaridades naturais e sociais que formam um universo de análise extremamente favorável ao estudo do clima urbano. Possui feições geográficas que contribuem não só para diferenciações topo e mesoclimáticas em espaços relativamente próximos, como para a exacerbação de problemas resultantes da degradação ambiental, tais como formação de ilhas de calor e concentração de poluentes. As implicações do rápido desenvolvimento econômico da cidade, sua expansão espacial e o crescimento demográfico vêm sendo sentidos pelas constantes degradações ambientais, tanto em nível municipal como metropolitano” (ABREU, 2010).
As hipóteses são muitas e as incertezas são fundamentais para a obtenção de algum resultado científico. Por um lado, defende-se que não há nada com o que se preocupar, já que o aquecimento global é um fenômeno climático natural, como tantos outros que a Terra já sofreu. Por outro, afirma-se que o homem é o grande responsável pela intensificação do problema e assim propõe a sustentabilidade como uma possível saída.
E você, o que pensa sobre o assunto?